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sexta-feira, 1 de março de 2013

Papa despediu-se como simples «peregrino»

Bento XVI despediu-se dos fiéis como um «peregrino», na última aparição pública do pontificado, que se concluiu às 20h00 de Roma (menos uma em Lisboa) por decisão do Papa, que apresentou a sua renúncia. «Sabeis que hoje é um dia diferente dos outros, já não sou Sumo Pontífice da Igreja - sou-o até às oito da noite, depois já não -, sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra», declarou, desde a varanda do palácio apostólico de Castel Gandolfo, arredores de Roma, propriedade da Santa Sé.


O Papa emérito mostrou-se «feliz» à chegada a este local, vindo do Vaticano, de onde tinha partido em helicóptero, sobrevoando a Praça de São Pedro, às 17h07 de Roma. «Quero ainda com o meu coração, com o meu amor, com a minha oração, com a minha reflexão, com todas as minhas forças interiores, trabalhar para o bem comum, para o bem da Igreja e da humanidade», acrescentou, ao som das palmas dos presentes e dos sinos.

Bento XVI, de 85 anos, concedeu uma bênção aos presentes, «do fundo do coração», convidando todos a avançar «juntos no Senhor, pelo bem da Igreja e do mundo». «Obrigado, boa noite, obrigado a todos vós», foram as palavras finais do pontificado, iniciado em abril de 2005, por volta das 17h41 locais, após um discurso com pouco mais de dois minutos.


Bento XVI promete obediência ao futuro Papa
Ainda antes, no último encontro com os cardeais, Bento XVI prometeu a sua obediência «incondicional» ao próximo Papa. «Entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa, ao qual já hoje prometo a minha incondicional reverência e obediência», disse.

O Papa, que apresentou a sua renúncia no último dia 11, com efeitos a partir das 20h00 (hora de Roma, menos uma em Lisboa) desta tarde, manifestou a sua «alegria» por encontrar-se com os mais de 140 cardeais presentes no Vaticano. «Quero dizer-vos que continuarei a estar por perto com a oração, especialmente nos próximos dias, para que sejais plenamente dóceis à ação do Espírito Santo na eleição do novo Papa: que o Senhor vos mostre aquele que é desejado por Ele», desejou, citado pela Agência Ecclesia.

O futuro Papa emérito diz que foi «uma alegria caminhar» com os cardeais desde a eleição pontifícia, em abril de 2005, frisando que a «presença e os conselhos» dos mesmos foram uma «grande ajuda». «Procuramos servir Cristo e a sua Igreja com amor profundo e total, que é a alma do nosso ministério. Demos esperança, a quem vem de Cristo, a única que pode iluminar o caminho», prosseguiu.

Joseph Ratzinger deixou votos de que o Colégio de cardeais «seja como uma orquestra, onde as diversidades, expressão da Igreja universal, concorram sempre para a harmonia superior e concorde».

A reunião com os cardeais decorreu na Sala Clementina do Palácio Apostólico, e começou uma saudação do decano [figura que preside ao Colégio Cardinalício], D. Angelo Sodano. Este responsável elogiou o «abnegado serviço apostólico» de Bento XVI em favor «da Igreja de Cristo e de toda a humanidade» e concluiu com uma expressão alemã, ‘Vergelt's Gott’ (que Deus o recompense).

Castel Gandolfo e, depois, o Vaticano
Bento XVI deverá manter-se no palácio apostólico de Castel Gandolfo, propriedade da Santa Sé, durante um período de pelo menos dois meses, segundo o Vaticano.

Joseph Ratzinger irá morar posteriormente, já após a eleição do seu sucessor, num edifício que foi sede de um mosteiro de irmãs de clausura no Vaticano até há alguns meses e foi alvo de obras de renovação.

O momento final do pontificado foi assinalado pela partida da Guarda Suíça e o encerramento dos portões da residência pontifícia.

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