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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Portugueses quiseram agradecer ao Papa


Vieram de todo o lado. Pelas bandeiras e tarjas era possível reconhecer as proveniências que as expressões faciais ou a cor da pele não deixavam transparecer. Alemanha, China, Filipinas, Nigéria, Espanha, Estados Unidos da América, e, claro, Portugal. Um mar de gente que “invadiu” a Praça de S. Pedro neste adeus a um Papa que tocou fundo no coração dos crentes, mesmo que no início tenha sido olhado com desconfiança pela maior parte dos católicos. «Este Papa no princípio era muito desconhecido, as pessoas só tinham preconceitos com ele. Quando ele começou o seu pontificado, aquilo que me ocorria dizer é que ainda não tínhamos Igreja para este Papa, ele ia à frente do seu tempo, em tudo o que dizia e pensava. Todas as mensagens, encíclicas e cartas que escreveu surpreenderam as pessoas, mas apenas porque essas pessoas não fizeram a leitura cuidada e espiritual das suas palavras». As palavras são do Pe. Carlos Carneiro, um dos muitos portugueses que se encontravam hoje pela Praça de S. Pedro, de bandeiras erguidas a tornar presente este país que, como já vimos em peças anteriores, é tão querido para o ainda Papa.

De Coimbra veio então de cerca de 30 portugueses, todos com bilhete para a zona reservada, onde tiveram a oportunidade de ver o Papa passar bem perto no papamóvel. «Decidimos vir porque estamos surpreendidos por um lado com a decisão, mas sintonizados com aquilo tudo que esta decisão está a provocar na Igreja, que é uma revolução serena a partir de uma grande atitude de confiança, em que o Papa se situa num lugar inesperado, deixando claro que quem leva a barca da Igreja é Deus, e o lugar dele é mais de servo, e portanto leva-nos consigo nesta nova atitude», explica o Pe. Carlos Carneiro, muito animado e consciente de que esta resignação foi um gesto que fica de lição para toda a Igreja. «É um gesto que diz muito da sua pessoa, mas também resume aquilo que ele pensa que é a Igreja e aquilo que a Igreja é chamada a ser nos próximos tempos», considera o sacerdote.

O Ir. José Silva é o terceiro a contar da esquerda
Como parte deste grupo estava também o Ir. José Silva, jesuíta que foi colocado na Cúria de Roma dos jesuítas há pouco mais de duas semanas, coincidindo com esta altura. Da audiência retira o gesto do agradecimento, «a marca do cristão». «Hoje deixou-me a imagem de uma pessoa profundamente agradecida, e isto é a marca do cristão. Agradeceu o dia de sol fantástico, o carinho das pessoas, tudo», referiu o religioso jesuíta.

A audiência geral marcou todos os participantes, que pontuavam as intervenções de Bento XVI com um silêncio impressionante ou com palmas, quando a altura se justificava. Todos em sintonia, porque todos tinham vindo de propósito para estar com o Santo Padre que resigna.
Foi também esse o desejo concretizado pela Teresa e pelo Luís, que não vinham sozinhos. «Nós falamos consigo, mas tem de nos tirar a foto com a bandeira do colégio, porque nós viemos em nome deles todos», “ameaçou” a Teresa, do colégio de S. Tomás, pertencente ao movimento Comunhão e Libertação, para quem o que fica deste Papa é a sua «liberdade». «A liberdade com que ele está diante das coisas, e a capacidade que tem de propor aquilo que acha que está certo, não para ele, mas para o bem da Igreja. Ter uma pessoa que se entrega totalmente com esta liberdade, acho que é a imagem de marca que fica», diz.
Já o Luís quis vir «agradecer o testemunho de fé» do Papa. «Queria agradecer-lhe o testemunho de fé que ele deu ao fazer isto, mostra um homem que confia mesmo em Deus», considera o jovem.

Da Universidade Católica veio um grupo de universitários acompanhados pelo Pe. Hugo, capelão da UCP. Estiveram no Angelus de domingo, pendurando-se no telhado do cardeal Saraiva Martins, mas hoje desceram à Praça para estar mais perto do Papa. «Guardo dele as palavras com que começou hoje, falando na alegria de ver que a Igreja está viva. O Papa entrou nesta praça e viu toda esta gente que o saudava e acompanhava nesta última audiência», afirmou o capelão da UCP, para quem esta é uma Igreja que não fica fragilizada com esta resignação. «É uma igreja que continua forte. Ele dizia que este ministério era levado não com as forças dele, mas com Cristo, e isso era o mais importante», considera.

De vários pontos do mundo, dezenas de milhares de fiéis encheram hoje a Praça de S. Pedro, não para velar o corpo de um Papa morto, mas para louvar a atitude de um Papa que resigna, mas que se vai manter atento e a rezar pela Igreja, assim como espera que todos os cristãos católicos o façam.

A FAMÍLIA CRISTÃ está em Roma a acompanhar os últimos dias do pontificado de Bento XVI e irá trazer-lhe todas as novidades. Poderá seguir tudo, incluindo a emissão em direto da Audiência Geral de Quarta-feira, no sítio Web criado para o efeito, disponível em http://bentoxviresigna.blogspot.pt 

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